Disputa entre Brasil e Uruguai reacende debate sobre vila na fronteira no RS

Foto: Mapa Rio Grande do Sul 

Comunidade brasileira em área contestada pelos uruguaios vive realidade única na fronteira seca em Santana do Livramento

Um antigo impasse territorial entre Brasil e Uruguai voltou ao centro das atenções após a implantação de um parque eólico em uma área de fronteira. O local em questão é a Vila Thomaz Albornoz, no interior de Santana do Livramento, na região da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. A disputa envolve um pequeno território adjacente à região de Masoller, no departamento de Rivera, Uruguai, conhecido como Rincón de Artigas.

A fronteira seca entre os dois países não impede a convivência pacífica dos cerca de 500 moradores que vivem ali. Muitos transitam diariamente entre os dois lados, mantendo vínculos sociais, educacionais e até legais com os dois países. Essas pessoas são conhecidas como “doble chapa”, por possuírem documentos tanto brasileiros quanto uruguaios.

Gabriel Henrique Camargo, morador com dupla cidadania, resume bem o sentimento de quem vive na localidade: “É um lugar calmo, sem agitação. Gosto de viver aqui.”

Educação entre fronteiras

Os habitantes da vila têm liberdade para escolher onde estudar. No lado brasileiro, a Escola General Bento Gonçalves funciona com apenas uma professora que leciona para alunos de todas as séries, somando cerca de 16 estudantes.

Do outro lado, no Uruguai, a Escola Rural Número 79 oferece ensino integral para aproximadamente 50 alunos. A estrutura conta com mais profissionais e reforço escolar em disciplinas específicas, incluindo aulas de inglês ministradas ao vivo por meio de videoconferência.

A rotina transfronteiriça também faz parte da vida dos educadores. A professora Gisela Dutra, por exemplo, mora no lado brasileiro com o marido — um cidadão “doble chapa” — e cruza a fronteira diariamente para lecionar na escola uruguaia. “Minha casa é no Brasil, mas trabalho no Uruguai. Vivemos essa mistura todos os dias”, relata.

Apesar das opções de ensino técnico na região, quem deseja ingressar no ensino superior precisa sair do povoado. É o caso de Santiago Santos, que conclui um curso técnico na Universidade do Trabalho do Uruguai (UTU) e já planeja novos rumos. “Quero seguir minha vida em outro lugar, buscar meu próprio caminho”, afirma.

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